O Holocausto Brasileiro, ceifou 60 mil vidas no hospital Colônia

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O que você faria se fosse enviado a um manicômio? Por fazer bagunça na rua, enquanto criança, ou se tivesse epilepsia, fosse homossexual ou se ainda fosse esposa traída e esta seria a sentença mais justa por tal “pecado” ou tal “desagrado”, a sociedade, ser deixado a sorte no manicômio.

Parece história de filme de terror? Não foi um filme de terror, foi o holocausto brasileiro, no período de meio século (entre 1930 a 1980) morreram mais de 60 mil pessoas, no antigo Colônia, hospital psiquiátrico em Barbacena – Minas gerais. Morreram através do descaso, de eletrochoques, lobotomia, tristeza, frio, fome e deixaram de ser pessoa, perdendo história, nome, lembranças, todo o conjunto cultural, intelectual e social que torna um indivíduo em alguém.

Hospital que foi construído na antiga fazenda da Caveira pertencente ao delator Joaquim Silvério dos Reis, para quem não se recorda, foi o responsável por entregar Joaquim da Silva Xavier (Tiradentes) a sentença de morte. Tantas coincidências, que fazem o Colônia tornar-se um pesadelo real e implacável, para as vítimas e para o que sobrou de suas famílias. Apenas 20% de seus pacientes possuíam deficiência mental, o restante eram presos políticos, filhas de fazendeiros que perderam a sua virgindade, alcoólatras e órfãos e tudo que a sociedade achasse que fosse má sorte ou empecilho para “Ordem e Progresso” de nosso país.

Estive hoje num campo de concentração nazista. Em lugar nenhum do mundo, prestigiei tragédia como esta ( Franco Basaglia – psiquiatra italiano)

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Banhos frios de madrugada, pessoas andavam nuas ou com trapos, sem amparo, comendo lavagem e até ratos, bebendo água do esgoto, dormindo em camas de capim, dormindo abarrotados, para se aquecer ou para morrer pisoteados com a superlotação. Até a Revista Cruzeiro tentou, mas não conseguiu mostrar os acontecimentos no Colônia, abafada pelo regime militar, conseguiu pouco êxito com o artigo e as fotos.

Infelizmente foram ceifadas inúmeras vidas, historias e pessoas que tinham o direito de viver dignamente, aos que desejam conhecer mais adquiram Holocausto Brasileiro e lembrem-se de que “não moramos num país tropical abençoado por Deus”.

Livro Holocausto Brasileiro  de Daniela Arbex

Diego Fernandes Escrito por:

Bebedor desenfreado de café, Diego é desenvolvedor front-end e professor. É o fundador do Duofox. Na literatura não vive sem os russos Tolstói, Dostoiévski e Anton Tchekhov e consegue "perder" tempo com autores da terra do Tio Sam, Raymond Chandler e Melville. Acredita que a arte de maneira geral é a única forma de manter o ser humano pelo menos acordado, longe do limbo que pode levar a humanidade à Encruzilhada das Almas.

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