Danny D.Weirdo une rock, cinema trash ao avant-garde em suas composições

“Romantik” é o segundo single do EP “Cujo” de Danny D.Weirdo, dando continuidade aos temas de indignação, violência e isolamento abordados em “Garcia”, porém de uma perspectiva menos poética e mais abstrata, utilizando dos recursos linguísticos já pesquisados por Danny em outras músicas. Sua estrutura segue como um monólogo ou discurso proferido pela persona, partindo de memórias melódicas, rítmicas e líricas, timbrando brasilidade, valsa, barulho e violência. O single, assim como grande parte do material do grupo, foi gravado e produzido em home studio por Danny, desta vez durante quarentena. 
 
O videoclipe, gravado todo em casa, busca sintetizar a insônia e o pesadelo, trazendo referências ao cinema trash, ao avant-garde e ao diretor Gaspar Noé, desconstruindo a sensação de lar da própria moradia, de forma que a casa se torne assombrada pelas figuras grotescas que representam o grupo. O vídeo conta com os atores Tadzio Veiga e Giovanna Paiva e foi dirigido e editado por Danny.
 
Danny D. Weirdo é uma banda performática de art-rock (ou rock n roll anti-herói), com influências que flutuam entre Queens of the Stone Age, Girl Band, Swans, Interpol e Radiohead, Talking Heads, The Residents, entre outros. Formado em 2018 como um projeto solo a partir da pesquisa acadêmica “A performatividade no processo de criação das artes híbridas”, o grupo agora conta com 4 integrantes que usam de personas em figurinos e máscaras para gerar uma experiência cênica que acompanha sua musicalidade experimental e sem regras, e, ao mesmo tempo que busca subversão, também quer trazer o experimental para o público mais popular, como uma porta para a música “estranha”. Indicados ao Prêmio Dynamite 2021 de Música Independente na categoria Melhor Lançamento de Rock com o álbum “A Noite de Todos os Santos”.
Conversamos com Danny D.Weirdo sobre sua trajetória, processo de composição, influências musicais, entre outras curiosidades. Confira a entrevista!
 

De onde surgiu o nome “Danny D. Weirdo”? 

Acontece que o fundador/idealizador/manda-Chuva da banda “Daniel Diaz” coincidentemente é amigo íntimo do grande ator e produtor norte-americano Danny DeVito e usamos de uma leve referência cômica para homenageá-lo.
(we love you danny)

 

Como e quando surgiu o projeto?
Há não muito tempo atrás, o artista híbrido Vinícius Andrade, também grande amigo de Danny, a partir de sua pesquisa acadêmica sobre a “Performatividade no Processo de Criação das Artes Híbridas, sugeriu que Danny, que nunca havia tocado uma guitarra, usasse uma máscara enquanto experimentava o instrumento pela primeira vez. O ocorrido foi tão pateticamente místico que Danny decidiu criar o grupo e rebaixar Vinícius ao seu roadie.

 

Como surgiu a ideia de misturar performance, música e o visual com máscara?
A máscara tornou-se também um instrumento, é como se as performances ao vivo se tornassem um portal para uma dimensão de horror e sarcasmo, onde a liberdade artística de Danny e seus comparsas podem fluir e se concentrar ali, tornando possível que seus eus cotidianos não se submetam às perturbações artísticas.

 

Você segue promovendo seu último lançamento,  o single “Romantik”  . Como foi o processo de gravação do single e clipe?

Tanto a música quanto o clipe foram gravados na residência de Danny, localizado entre casas abandonadas e um bar sertanejo. A energia pesadelística de ambos foi puxada por inspirações subconscientes, assim como grande parte dos processos da banda. Além disso, tudo que se ouve e vê nessas obras são completamente DIY, do jeito que amamos e do jeito que Danny obriga seus comparsas por falta de grana.

A faixa foi muito bem recebida nos sites de música especializada nacionais e internacionais . Como a banda está vendo esse feedback tão positivo do material lançado?
A banda não se importa tanto com a positividade dos feedbacks, amamos reações e pronto. Quanto mais perturbações causarmos (em nível mundial) melhor. Como diz nosso baterista formado em jazz contemporâneo, Johnny Babaca: Se a vida te dá um limão, ria escandalosamente de sua cara até chorar.

Suas músicas demonstram muita intensidade e entrega. Existe alguma composição que seja mais especial para você? 
Para Danny: É muito difícil escolher um filho favorito. Às vezes um é burro, o outro superdotado, o outro gosta de Roberto Carlos, o outro põe feijão antes do arroz, mas todos são parte de algo maior. Sendo assim La-Li-Lu-Le-Lo, ele é o filho da puta.

Para Johnny: Comida Congelada é a melhor forma de falar sobre assuntos mundanos de forma mundana. É preciso ser esdrúxulo, a realidade é esdrúxula, a realidade é que esta música é sobre bissexualidade e sendo esdrúxulo, damos abertura para as pessoas se sentirem confortáveis e acolhidos para falar sobre isso das formas vulgares que desejarem, afinal somos todos bi e foda-se.

Para Rory: La-Li-Lu-Le-Lo, essa mexe comigo sóbrio ou chapado; Shakespeare, tem uma simplicidade cativante na hora de tocar que é extremamente satisfatória e Jack Daniel’s Tennessee Honey, só porque me fez querer tomar um.

Quais as bandas e fontes artísticas que inspiram o som do Danny D. Weirdo?

No som: Swans, Girl Band, Lenine, Chico Science, Queens of the Stone Age, Radiohead, Hermeto Pascoal, Godspeed You! Black Emperor, Deaf Kids, Talking Heads, Jonnathan Bree Rik and the Pigs, Black Sabbath, Cardiacs, Elton John,  Ratos de Porão, Nick Cave, Pixies, Sonic Youth, Psykoze, Gang of Four, This Heat, Scott Walker, Iggy Pop, Tool, Almir Sater, Captain Beefhart, The Lounge Lizards, Secos & Molhados, Foxx Bodies, The Residents, Charles Mingus, música tema da Jigglypuff e a trilha sonora de Cowboy Bebop

No visual: Junji Ito, Gaspar Noé, The Residents, David Cronenberg, filmes trash dos anos 80, Berserk, filmes trash dos anos 90, Rogério Sganzerla, Dario Argento, paganismo, country horror, filmes trash dos anos 2000, Augustin Rebetez, Metal Gear, Meninas Superpoderosas, filmes trash.

Na performance: nada, somos a coisa mais autêntica já criada na história da música. Slipknot.

Quais bandas nacionais vocês andam escutando?
The Tropical Riders, Deaf Kids, Barone Chess, Ratos de Porão, Eliminadorzinho, Jonnata Doll e os Garotos Solventes, Balbela, Little Quake, Isabel Aurora, Thee Dirty Rats, Bufo Borealis, Monstro Amigo, Supla, Secos & Molhados, Sepultura, Rakta, Garotos Podres, Replicantes, Mercenárias

Podemos esperar  mais material inédito em breve?
Claro, estamos preparando dois EPs, dentre eles o volume 2 da nossa série esporádica “Pestes”, e um álbum que virá acompanhado de um híbrido entre teatro performativo e show (dentro da nossa verba: um botão e uma barata).

Como vocês veem o impacto da pandemia e do desgoverno brasileiro em relação à cultura nacional?

O governo bolsonarista é fascista, ponto. Todos os impactos que sentimos são planejados e calculados por uma família de genocida e seus pequenos lacaios desprovidos de qualquer humanidade e razão. A depressão geral da classe artística nos atinge como uma escopeta, principalmente por sermos artistas completamente independentes e sem verba nenhuma, fazendo um trampo completamente descompromissado dos padrões estéticos e sociais dos gêneros que nos propomos experimentar. Falta grana, falta motivação, falta um beck, mas não há nada que possamos expressar mais puramente do que já está expresso em nossos sons.

Confira o single “Romantik”: https://album.link/s/18h8X0RSVyym8svwT8Xs1c
Diego Fernandes Escrito por:

Bebedor desenfreado de café, Diego é desenvolvedor front-end e professor. É o fundador do Duofox. Na literatura não vive sem os russos Tolstói, Dostoiévski e Anton Tchekhov e consegue "perder" tempo com autores da terra do Tio Sam, Raymond Chandler e Melville. Acredita que a arte de maneira geral é a única forma de manter o ser humano pelo menos acordado, longe do limbo que pode levar a humanidade à Encruzilhada das Almas.

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