Felipe Góes – Pintor brasileiro com estilo original e cores marcantes

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Felipe Góes | Dissolução (Dilute) Solo exhibition
Central Galeria de Arte | Sao Paulo, Brazil October. 2014

1-Quem é Felipe Góes?

Sou artista visual, pintor.

 

2- De onde surgiu o gosto pela arte?

Sempre tive muito interesse por praticar desenho e pintura desde criança. Sou formado em Arquitetura na Universidade Mackenzie. Após a graduação, estudei história da arte com o Prof. Rodrigo Naves. Depois desse curso fiz uma viagem de estudo à Europa, para conhecer algumas cidades e entrar em contato com importantes Museus e coleções. Tive uma experiência muito forte quando pela primeira vez vi ao vivo uma serie de trabalhos do artista Mark Rothko, e decidi retomar a pintura.

 

3- Qual foi o motivo que te impulsionou para trabalhar com arte?

Depois dessa viagem, participei durante quatro anos de um grupo de estudo sobre pintura, orientado pelo Prof. Paulo Pasta. Nesse período comecei a participar de exposições coletivas, salões de arte e exposições individuais. As coisas foram se construindo, passo a passo, e ainda estão em construção.

 

4-Quais são suas influências, tanto na arte como na musica e no cinema?

As influências mudam com o tempo. Acredito que nos deixamos influenciar por pessoas e obras que de alguma forma podem colaborar com a construção de nossa própria obra. Tem um aspecto muito pragmático se pensarmos assim.

Pintores muito importantes para mim no Brasil são Volpi, Iberê Camargo e principalmente Guignard. Na pintura internacional sou fascinado pelo trabalho do Bram van Velde, Rothko, Matisse e Tuymans. Atualmente estou maravilhado pelos filmes do Andrei Tarkovsky e pela musica do Luis Gonzaga.

Mas as influências não se resumem somente a esses campos do conhecimento, tenho grande admiração por qualquer trabalho feito com paixão. Sou influenciado pela plasticidade do surfe de Gabriel Medina, pela obsessão de grandes empresários como Jorge Paulo Lemann, pela coragem de se reinventar de Pierre Fatumbi Verger, que nasceu na França viajou o mundo como fotografo, mas foi viver na Bahia e se converteu ao Candomblé. Admiro o matemático Artur Ávila, que prova que é possível ter ciência de ponta no Brasil, mesmo com a ausência de estrutura no país.

Por fim, uma grande influência é o Guimarães Rosa, que deixou uma marca importante na maneira de criar a partir do Brasil, de extrair algo do Brasil para a literatura que só poderia ser realizado aqui, não é apenas romance regionalista, mas também uma ambiciosa pesquisa de linguagem e poderosa criação artística. Obras como a de Guimarães Rosa não são apenas mais um livro na estante, sua obra está gravada em nosso sangue. Ser brasileiro não é a mesma coisa antes e depois de Guimarães Rosa, sua influência não atinge apenas aqueles diretamente ligados à literatura – críticos e escritores – mas assombra, como um fantasma, todos os campos de atuação na cultura brasileira.

 

5-De que forma e quando você desenvolveu seu estilo de pintura?

Penso que tenho um estilo de atuação no mundo, vivo uma contradição entre pensamentos metafísicos e o materialismo das coisas mundanas. Lidar com essa contradição me leva a uma obsessão pelo trabalho, é isso que tento pintar, mas nunca consigo, é sempre desastroso, mas é sincero.

Isso pode se manifestar visualmente de muitas maneiras, então ao invés de estilo de pintura, acho que podemos chamar isso de um problema primordial, algo parecido com sentir fome, você precisa comer para sobreviver, mas já que vai cozinhar, porque não fazer uma moqueca incrível? Acho que todos têm essa potência, mas muita gente prefere esquecer isso, viver uma vida mediana e comer pizza de micro-ondas.

 

6-Como é o seu fluxo de trabalho atualmente?

Acredito que a pintura não se faz somente enquanto estamos esfregando o pincel sobre a tela. As pausas são igualmente importantes, olhar para o que está sendo feito, deixar-se atravessar, pelo imprevisível, pelo inominável.

Levar isso as últimas consequências é assumir uma atitude de plasticidade com relação à vida, ou seja, a pintura não é feita somente no ateliê, mas também quando faço compras na quitanda, enquanto escolho flores para presentear minha esposa, em dar bom dia para o motorista do ônibus.

Não há como você ter uma obra ambiciosa, com profundidade espiritual e material, se você não leva sua vida com intensidade proporcional. A maneira como você vive e a sua pintura são inseparáveis.

 

7-Quais são as dicas para quem está começando, onde pode encontrar referências fora da internet (livros, revistas ou fanzines) e como poderia utilizar estas no dia a dia?

Sou muito jovem, então talvez não seja a melhor pessoa para distribuir conselhos. De qualquer forma, eu diria que o importante é trabalhar duro, vencer a preguiça e não se aproveitar dos obstáculos para justificar a inércia. Os obstáculos podem ser de ordem financeira, familiar, geográfica. É preciso buscar alternativas sempre.

Um exercício possível que lanço aqui é sugerir aos leitores irem imediatamente a qualquer biblioteca, sem saber o que vão ler. Isso pode mudar a sua vida.

Felipe Góes

Diego Fernandes Escrito por:

Bebedor desenfreado de café, Diego é desenvolvedor front-end e professor. É o fundador do Duofox. Na literatura não vive sem os russos Tolstói, Dostoiévski e Anton Tchekhov e consegue "perder" tempo com autores da terra do Tio Sam, Raymond Chandler e Melville. Acredita que a arte de maneira geral é a única forma de manter o ser humano pelo menos acordado, longe do limbo que pode levar a humanidade à Encruzilhada das Almas.

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