Pesadelo Refrigerado – Ascenção e declínio da cultura norte-americana

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Ao voltar ao seu país de origem, Henry Miller depara-se com fragilidade social e cultural dos Estados Unidos, depois de anos morando na França, Henry Miller encontra um cenário desolador em seu país natal. Onde artistas, músicos e escritores passam fome.

É sobre esta pobreza espiritual e sociocultural, que o Pesadelo Refrigerado aborda com fluidez e acidez diabólica, ingrediente que  faz falta a muitos escritores contemporâneos, é uma obra excelente e de requinte.

Poucos pontos positivos foram levados em conta sua viagem aos Estados Unidos, talvez uma viagem de resgate, lembranças, desilusões e até mesmo saudade do lar. Alguns bairros salvaram-se de críticas, como Brooklyn por exemplo, que devido ao pluralismo cultural, foi um dos locais em que Henry Miller, encontrou pessoas de verdade, que viviam felizes, mesmo que desprovidas de recursos.

Outro ponto alto do Pesadelo Refrigerado, é influência dos imigrantes na cultura norte-americana, senão fosse os judeus, negros, russos, italianos, poloneses, irlandeses etc. A situação cultural do país seria desoladora. Pintores como John Marin, são destacados pela astúcia de pintar num país onde os criativos não são levados a sério, segundo o próprio Henry Miller.

“A América não é lugar para artistas: ser artista é ser um leproso moral, um desajustado econômico, uma obrigação social. Um porco alimentado a milho tem vida melhor que um escritor criativo, um pintor ou um músico.”

Em um país repleto de vendedores de 45 anos, com o órgão debilitados, devidos aos excessos, ainda é possível encontrar pessoas de bem e simpáticas seja no Brooklyn ou no Mississipi. Onde a maior parte das pessoas se encontram sendo marionetes do sonho americano, destruindo e corrompendo a própria família por dinheiro. Buscando a felicidade de modo platônico. Como uma luz fraca e sem função no fim do túnel.

“Almas não crescem em fábricas. Almas são mortas em fábricas – até mesmo as mesquinhas.”

Pesadelo refrigerado foi censurado por um bom tempo nos Estados Unidos, pois tomar um tapa na cara e sair ileso, são para os raros.Com escrita rápida e concisa Henry Miller mostra a verdade nua e crua, segundo sua ótica, sobre questões sociais, culturais e políticas, de um país que se mostra ao mundo como inabalável, no entanto é de extrema fragilidade.

  “Mas o homem branco americano (sem falar do indígena, do negro, do mexicano) não tem nem um fantasma de chance. Se ele tem qualquer talento, está condenado a vê-lo esmagado de uma forma ou de outra. O estilo americano é seduzir o homem por meio de propina e transformá-lo num prostituto.”

O Pesadelo refrigerado pode ser encontrado na Top Livros, tenham uma boa leitura!!!

Diego Fernandes Escrito por:

Bebedor desenfreado de café, Diego é desenvolvedor front-end e professor. É o fundador do Duofox. Na literatura não vive sem os russos Tolstói, Dostoiévski e Anton Tchekhov e consegue "perder" tempo com autores da terra do Tio Sam, Raymond Chandler e Melville. Acredita que a arte de maneira geral é a única forma de manter o ser humano pelo menos acordado, longe do limbo que pode levar a humanidade à Encruzilhada das Almas.

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