Por que é importante ouvir Meu​(​s) Soturno​(​s) Eu​(​s) do Damiantoni?

Não é segredo para ninguém, que desde sempre, enxerguei o Damiantoni como o músico mais criativo da Seattle brasileira (Bom Jesus dos Perdões-SP). Um multi-instrumentista de mão cheia. Em Meu​(​s) Soturno​(​s) Eu​(​s), você vai encontrar grandes doses de Noise rock, Slowcore e Indie Rock, encontradas em bandas como Mogwai, Low e até mesmo Radiohead. Além das musas Chelsea Wolfe e Emma Ruth Randle no teor lírico das letras, são algumas referências, diga-se de passagem.

As letras são um caso à parte, se o instrumental é impecável, com linhas melódicas muito bonitas. As letras tratam de uma temática que parece invisível, a depressão. “A depressão é um transtorno comum em todo o mundo: estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram com ele. A condição é diferente das flutuações usuais de humor e das respostas emocionais de curta duração aos desafios da vida cotidiana. 

Especialmente quando de longa duração e com intensidade moderada ou grave, a depressão pode se tornar uma crítica à condição de saúde. Ela pode causar à pessoa afetada um grande sofrimento e disfunção no trabalho, na escola ou no meio familiar. Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano – sendo essa a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos.” (OPAS, 2021).

“Meu(s) Soturno(s) Eu(s)” é um álbum dicotômico, sobre a dor e causa da dor, sobre ser vítima e algoz, temas difíceis de serem compreendidos ao primeiro momento, mas que ao passar de cada canção, vamos conseguindo identificar senão em nós mesmos; os vizinhos, amigos, familiares e pessoas estranhas que passam pelas ruas, como podemos conviver ao lado destas, sem perceber circunstâncias relatadas aqui, de forma bem clara, sem subjetividade.

Algumas canções de destaque:     desesperada -MENTE-, Asphyxía Emocional, Santa Sangre e Aceitação/Hematêmese. Um grande disco, faltam adjetivos para dizer o que ele representa. Mas se fosse para resumir a obra em poucas palavras. Diria que o grande marco de “Meu(s) Soturno(s) Eu(s)” é que ainda há esperança e que tudo pode melhorar. Boa audição!!!!

Diego Fernandes Escrito por:

Bebedor desenfreado de café, Diego é desenvolvedor front-end e professor. É o fundador do Duofox. Na literatura não vive sem os russos Tolstói, Dostoiévski e Anton Tchekhov e consegue "perder" tempo com autores da terra do Tio Sam, Raymond Chandler e Melville. Acredita que a arte de maneira geral é a única forma de manter o ser humano pelo menos acordado, longe do limbo que pode levar a humanidade à Encruzilhada das Almas.

Um comentário

  1. Anderson Macedo
    setembro 11, 2021
    Responder

    Parabéns pelo seu trabalho aqui no blog… Mas quero falar sobre Damiantoni.
    Me lembro que esse cara ainda fazia aulas de violão, sempre um “Monstro” nos acordes, ouvido absurdo, ele conseguia achar a melodia certa, para cada palavra de uma composição. Hoje, após 14 anos, se tornou um grande profissional.

    Sobre a pessoa, um cara extraordinário, coração gigante.
    Desejo tudo de melhor na sua vida Dani, você é merecedor.

    Deus abençoe você e sua vontade de fazer vários sons.

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