Gravado entre Brasil e Portugal, Minha Cabeça é o novo álbum de Paulo Novaes

O cantor e compositor paulistano Paulo Novaes, de 28 anos, lança hoje (07) nas plataformas de streaming o terceiro álbum de sua carreira, Minha Cabeça (Olga Music). Com 20 faixas, divididas entre poesias e canções, o disco foi gravado em 2019 entre Brasil e Portugal, onde Novaes morou por dois anos. Evocando o espírito da coletividade, grande parte das faixas foram gravadas por músicos de diversos lugares do mundo e cada uma traz uma participação e um ritmo diferente. São universos únicos em uma obra completa. Ouça aqui.

Para cada uma das dez músicas do disco, Paulo trouxe a visão de 10 poetas diferentes, que trazem diversidade e dinâmica para a obra. E, para além do álbum, cada uma das poesias ganhou vida com as animações da artista Pamela Munhoz, que através do audiovisual, provoca outra interpretação para a obra. A irmã do compositor, Marina Novaes, ficou responsável por desenhar uma arte para cada um desses universos, propondo a referência estética e visual do projeto. Por fim, cada música terá seu próprio clipe, com roteiro escrito por diferentes profissionais. Até o momento, os vídeos que já foram lançados são das faixas Luz da Vida (feat Pedro Altério), Travo (feat Anavitória) e Paz Interior (feat Rubel).

“O ‘Minha Cabeça’ é um reflexo fiel do momento que vivi entre os anos de 2018 e 2020, quando morei em Lisboa e tive um crescimento muito interessante na minha carreira, numa clara consequência das muitas conexões que eu plantei nessa caminhada. A ideia do disco surgiu no meio desse turbilhão de ponte aérea Brasil/Portugal, e foi se lapidando conforme vivia os encontros e formava novas parcerias”, conta Paulo. “Sinto também ser uma proposta muito alinhada com o momento complexo que vivemos, em que a coletividade, as parcerias, o ‘dar voz ao outro’, as conexões e imersões, se mostram fundamentais”, completa.

Minha Cabeça conta com participações de peso como os portugueses Tiago Nacarato e Janeiro, o italiano Simone Carugati, o argentino Rodrigo Carazzo e a turma brasileira formada por Anavitória, Rubel, 5 a seco, Pedro Altério, Nina Oliveira, Leo Middea, Bruna Moraes, Tomaz Lenz e Margarida Piedade, avó do compositor, na emocionante faixa ‘Cantar’. 

As poesias relacionadas a cada uma das músicas foram escritas por Bruna Moraes, Bruna Caram, Janeiro (PT), Isabela Moraes, Rita Altério, Gabriela Abreu, Lucas Caram, Nina Oliveira, Pedro Blanco e Beatriz Novaes. 

Faixa a faixa

Contradição é uma poesia de Rita Altério que abre o disco seguida da canção Luz da Vida (feat Pedro Altério) que começa com um poema de Barbara Rodrix, no qual ela traz uma abordagem sobre ser mãe, de como é viver fora de si mesma, nesse processo intenso que é gerar uma vida e criá-la para o mundo. A canção foi escrita sob encomenda para a irmã de Paulo, Ana Julia Novaes, que tentava engravidar e queria uma música para quando confirmasse a novidade, pudesse cantá-la ao seu marido. “Representa o meu lado perpétuo, meu senso holístico de percepção de mim mesmo. É o sentimento mais puro de amor e respeito que existe dentro de mim. A esperança, a paz, o amor”, descreve Paulo.

A poesia Mensagem, que faz a introdução da música Travo (feat Anavitória) e abre o tema “pureza”, é de Gabriela Abreu, amiga dos tempos de faculdade de Paulo, que mora em Lisboa. “Ela tem uma escrita leve, doce, que casa muito com o trabalho da Anavitória, que faz a participação na música que vem a seguir. Foi a pessoa perfeita para adentrar nesse universo”. Quanto à música, ele comenta: “Travo é uma das composições mais antigas do disco. Compus quando tive uma paixão platônica por uma pessoa que eu não conseguia expressar. Essa angústia virou canção, e será lançada quase dez anos depois de sua feitura”, conta Paulo.

Pássaro, poesia de Lucas Caram, primo e parceiro de Paulo, com quem o artista morou boa parte do tempo em que esteve em Lisboa,  representa o universo do “amor” e introduz a faixa Eu Te Amo Demais (feat Leo Middea, que também vive na capital portuguesa), que finaliza com uma poesia do músico argentino, Rodrigo Carazzo. “Essa música representa meu sol em peixes, a minha maneira intensa de amar, de sentir. Sentir o mais gigante sentimento através das coisas mais simples. Feito ver a lua cheia brilhar, feito uma noite iluminada pela fogueira, um céu estrelado”, explica Paulo. 

A dobradinha que vem a seguir com a poesia Longe e a canção Do jeito que eu sou, o compositor recebe a cantora Bruna Moraes. “Eu e Bruninha Moraes temos uma conexão desde muito novos. Sempre fomos os caçulas da nossa geração e logo no dia que nos conhecemos, observamos uma troca espiritual muito grande. Ela é uma pessoa espiritualizada, com muitos portais abertos e em vários momentos nossos caminhos se encontram no subconsciente”, conta. E assim, ela não só participa da faixa, como também escreve a poesia que introduz a canção, representando o “espírito”

O Meu Silêncio, poesia do artista português Janeiro, vem em seguida e introduz A pessoa que você mais ama (feat Tiago Nacarato, também português e um dos nomes mais aclamados da cena de Portugal), representando o “presente”. É um ode ao amor próprio, a busca pelo autoconhecimento e pelo diálogo interno. “A participação dos portugueses Janeiro e Tiago Nacarato vai de encontro com o momento de perceber o ‘estar presente’ num país estranho, vivendo uma nova experiência, e sendo acolhido por artistas tão talentosos, com quem tive imensas trocas e longos diálogos sobre a vida. É mais um dos vários registros da parceria profunda que tive com esses dois grandes parceiros e amigos”.

A canção seguinte, que representa a “liberdade”, é Olhar pra fora e ganhou a introdução da poesia Viagem Ao Centro Do Eu, ambas com participação de Nina Oliveira. “Representa o meu lado desamarrado, do desprendimento, de estar aberto, da liberdade. Ser o que sou, da maneira que eu quiser, me faz ser maior, melhor. Sendo livre, sou quem eu devo ser, sem barreiras para travar o meu instinto”, define o cantor. Foi composta em uma viagem ao Marrocos, em seu primeiro contato com um país não Ocidental.

A poesia A Voz Que Me Deu Vida, de Bruna Caram, introduz a música Cantar e juntas fazem uma homenagem à avó de Paulo, dona Margarida Piedade Novaes, que abriu mão do seu sonho musical para criar uma família de oito filhos. Naturalmente, esta faixa representa a “família”. “A base de todo o meu desenvolvimento como compositor. A importância da música na minha vida e a influência direta da minha criação em quem eu me tornei. Saber que sou o que sou graças ao que fui e serei o que serei graças ao que sou agora”, diz Paulo. A escolha da poesia não poderia ser outra: Bruna é prima de Paulo, também neta de dona Margarida. 

Em seguida, o “tempo” entra em foco com a poesia Saudade, assinada por sua prima Beatriz Novaes, de apenas 22 anos, com quem Paulo também morou em Lisboa e o inspira com sua pureza e autenticidade. E a canção que a segue é Casca Do Ovo, composta nos primeiros meses de Paulo em Lisboa. Ela traduz seu momento de incertezas e adaptação. “Foi a música que mais demorei pra compor. Fiquei semanas fazendo a melodia no violão e só depois escrevi a letra. Senti logo a potência dessa canção, que na minha opinião é a grande música do disco, minha preferida”, conta. “O convite aos músicos Tomaz Lenz e Simone Carugati (Cavalo 55) foi natural pelo fato deles serem minha banda em todas as apresentações em Portugal. São grandes músicos de universos muito diferentes do meu, e por isso eu aprendi tanto com eles. Criamos esse arranjo juntos, tocamos muitas e muitas vezes e acredito que musicalmente é a faixa que representa mais fielmente minha identidade e a sonoridade que sempre busquei”. 

Essência é a poesia de Isabela Moraes que introduz a faixa-título do disco, Minha Cabeça (feat 5 a seco), e representa a “razão”. “Minha cabeça é a perfeita tradução desse turbilhão de ideias que tenho na cabeça e que consegui sintetizar nesse disco. Cada um dos universos, são partes de mim, pedaços dessa minha cabeça, peças de um quebra-cabeça que formam um só quadro, mas que provêm de muitas e muitas brisas, questionamentos, vivências e trocas”, explica Paulo. De forma intencional, propondo um novo universo, a produção musical desta faixa destoa das demais, como se fosse uma junção de todas as referências apresentadas até então.

Com “otimismo”, a poesia Balaio, de Pedro Blanco, e a canção Paz Interior (feat. Rubel) fecham o álbum. A presença desta canção simboliza o término de um ciclo, que fecha com chave de ouro com participação de Rubel. “Essa é a composição mais antiga do disco. Fiz com 16 anos e ela foi gravada lindamente, muitos anos atrás, pelo Pedro Altério e Bruno Piazza. Ela chegou a ser gravada no meu primeiro disco (Esfera), mas acabamos não lançando. E no processo do ‘Minha Cabeça’ , essa faixa ressurgiu pra mim, fazendo o link com o fim desse ciclo”.

 

Diego Fernandes Escrito por:

Bebedor desenfreado de café, Diego é desenvolvedor front-end e professor. É o fundador do Duofox. Na literatura não vive sem os russos Tolstói, Dostoiévski e Anton Tchekhov e consegue "perder" tempo com autores da terra do Tio Sam, Raymond Chandler e Melville. Acredita que a arte de maneira geral é a única forma de manter o ser humano pelo menos acordado, longe do limbo que pode levar a humanidade à Encruzilhada das Almas.

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