A importância do trabalho do artista em novo EP d’A Olívia

“Uma faísca. É disso que se precisa,
a cada nota indecisa,
ao menos uma faísca.
Tempos difíceis para ser artista
com todas estas facilidades,
facilimbecilidades.
Just do it. But patrocine. 
Não existe café de graça,
mas sempre há um músico tocando ao fundo.
Escrito na borra, um futuro tão claro quanto a dissonância”

É com este discurso que A Olívia (SP) inicia “Output”, EP de cinco músicas e um episódio de podcast que contém destaques do processo criativo. Concebido, gravado, mixado e masterizado durante a quarentena e à distância, o trabalho marca uma fase experimental da banda. O compacto sucede o álbum de estreia, “Jardineiros de Concreto” (2017), produzido pelo ganhador do Grammy Latino, Rodrigo de Castro Lopes, e por Raphael Mancini. 

Output, na informática, é um sinal ou conjunto de informações que são emitidas por um sistema, mecanismo ou organismo. E pode ser direcionado para outro sistema por meio do Input deste. Para A Olívia, a definição de Output é um pouco diferente:

“‘Output’ é o resultado de experimentações sensoriais, sentimentais e musicais que foram realizadas neste ano. As músicas, todas produzidas em home studio, carregam uma estética lo-fi e esse clima de isolamento e introspecção, além da vontade inevitável de manifestar aquilo que cresce do lado de dentro.”, define Luis Vidal, vocalista d’A Olívia.

Assista “Output”:

O EP “Output” é a primeira parte desta conexão que seguirá em 2021, com o lançamento de “Input”. Enquanto o trabalho atual traz uma energia lo-fi, até mesmo pela gravação em home studio, a segunda parte será gravada em um estúdio, de maneira mais orgânica, representando a esperança da banda em um ano melhor para todos.

O clipe de “Output”, lançado junto do EP, revela a busca por uma maneira de comunicar sensações e a dificuldade de interação durante o isolamento social. Assim, surgem no clipe projeções de lembranças de quando a banda podia se reunir em shows, trechos da letra e, por fim, os prédios tornam-se mídias de comunicação e o solo de guitarra acontece na fachada de concreto. 

Sentimental e introspectiva, a canção retrata o jovem que vê a força criativa sendo reprimida, dando lugar a insegurança e a solidão. O clipe foi dirigido e editado inteiramente a distância, via vídeo chamada por Diogo Pacífico, que também é responsável pela identidade visual d’A Olívia.

Dividida em duas emoções, a faixa inicia cuidadosa, dando destaque à emoção do compositor. Em seguida, surge o “out”, e tudo que estava oprimido surge na superfície. Com forte influência dos refrões melancólicos dos anos 90, como Oasis, Blur e Skank, a faixa busca enaltecer o artista. “Essa vontade de se expressar é limitada pela quarentena, mas, por outro lado, pode se beneficiar de muitas possibilidades tecnológicas.”, sugere Mateus, o guitarrista.

A Olívia é uma banda de rock brasileiro com influências que vão de Paralamas e Titãs, até The Clash e Arctic Monkeys. Criado em 2014, o grupo traz no currículo o disco de estreia “Jardineiros de Concreto” (2017), que foi destaque na mídia, chegando a figurar em listas de Melhores do Ano. A banda é formada por Luis Vidal (voz e guitarra base), Mateus Albino (guitarra solo), Murilo Fedele (bateria) e Pedro Lauletta (teclado e percussão). Além das composições, a banda também exerce a sua criatividade no podcast “O Q Da Música”, em videoclipes, videopoemas, esquetes e experimentações lo-fi nas redes sociais e no YouTube.

A captação de áudio de “Output” foi feita por Luis Vidal e Pedro Lauletta, a mixagem das faixas “Output” e “Globo terrestre” é de Kaneo Ramos, Carlos Bechet mixou as demais canções e também foi responsável pela masterização de todas as faixas, em seu home studio. O compacto é um lançamento do selo Orelha Muda, que trabalha com bandas como Suco de Lúcuma, Applegate, entre outras.

Ouça o EP “Output”: https://tratore.ffm.to/output

Diego Fernandes Escrito por:

Bebedor desenfreado de café, Diego é desenvolvedor front-end e professor. É o fundador do Duofox. Na literatura não vive sem os russos Tolstói, Dostoiévski e Anton Tchekhov e consegue "perder" tempo com autores da terra do Tio Sam, Raymond Chandler e Melville. Acredita que a arte de maneira geral é a única forma de manter o ser humano pelo menos acordado, longe do limbo que pode levar a humanidade à Encruzilhada das Almas.

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