A transfusão Noise de Lê Almeida ao rock gravado em casa com amigos

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Lê Almeida por Bigú Medine junho de 2014

1-Antes de qualquer coisa, quem é Lê Almeida?
Só mais um fruto da falta de perspectiva na baixada fluminense

2-Como é tocar em tantas bandas? Como é este rolê com tantas pessoas legais desta cena do Rio de Janeiro?
É total de boa, pois só sei tocar com amigos, pessoas a quem considero de coração, então sempre flui de forma honesta.Sou muito agradecido estar próximo de pessoas tão geniais que a Transfusão me proporciona

3-Como e quando você descobriu este lance de gravar em casa?
Eu sempre tive um apego por gravações, desde que eu tocava batera por volta dos 16 anos, mas a partir do ponto que eu conheci coisas como Guided By Voices, Eric’s Trip e Microphones se abriu um novo mundo pra mim. Eles faziam as coisas do modo deles dentro de casa e sem ser apenas uma demo e sim um disco de verdade. Foi ai que percebi que eu poderia gravar um disco da forma que quiser

 4-E que equipamento você utiliza para gravação?
Quase as mesmas coisas de quando comecei a gravar, um pc normal como qualquer outro com uma placa de som offboard, um programa chamado Sonar, uma mesa de som e uns mics. Lógico, eu tenho alguns truques pra tirar certos tipos de som, mas é uma coisa que cada pessoa desenvolve consigo próprio, eu acho.Também uso fita cassete, às vezes. Todas as baterias do meu primeiro LP foram gravadas em cassete.

5-Que relação estética ou conceitual, o Lo-fi exerce sobre o seu seus discos?
A relação estética está mais em certos grupos de pessoas do que em quem faz a coisa de fato. Você não grava um disco em casa pensando que determinados grupos de pessoas vão gostar só por que foi gravado em casa, Isso é muito relativo. Hoje eu acho que existem grandes grupos de pessoas que gostam simplesmente por suar agradável aos ouvidos e um outro grupo bem maior que gosta por que aparece em certo site ou toca em certo festival…Em relação a conceito, o que importa mesmo no fim das contas é o resultado, mas eu confesso, sou romântico e gravar um disco em casa ou num lugar confortável que não tenha paredes de cor cinza e um enorme relógio me faz acreditar anda mais na coisa toda

6-Você toca com uma Supersonic Giannini, que infelizmente não é mais fabricada. Porque você utiliza este modelo?
Gosto do som e acho uma guitarra bonita. As duas que tenho foram presentes de amigos queridos 7-Como é seu dia-a-dia de trabalho? Gravação de discos, distribuição e material promocional?
Não tem uma rotina certa. Eu faço um monte de coisa toda semana relacionada a Transfusão mas sem um roteiro fixo. Hoje em dia com o Escritório a todo vapor as coisas passaram andar de forma natural e bem mais colaborativo entre as bandas.No momento eu tenho passado meus dias gravando um disco novo, preparando novos lançamentos da Transfusão, organizando shows no Escritório, fazendo cartazes e capas de discos, tocando fora do Rio em alguns finais de semanas e aprendendo novos acordes

8-Diz aí, 5 livros/HQ’s, 5 filmes e 5 discos favoritos que você levaria para uma ilha deserta?

 Livros

Cem Anos de Solidão (Gabriel Garcia Márquez)
Era uma vez o amor mas tive que matá-lo (Efraim Medina Reys)
Contos Reunidos (Murilo Rubião)
100 escovadas antes de dormir (Melissa P.)
Franny e Zooey (J.D. Salinger)

 Filmes

O Balconista
Big Lebowski
Gummo
Um Estranho no Ninho
Suburbia

 Discos

Kiss – Hottan Than Hell
Jay Reatard – Blood Visions
Guided By Voices – Alien Lanes
Dinosaur Jr – Where You Been
Flake Music – Spork

9-Qual mensagem/conselho você deixaria aqui para bandas iniciantes? De que forma podem produzir seus discos e divulgá-los?
O essencial é tocar com os amigos, perder o tempo útil em vida fazendo algo bonito, mas com pessoas que você goste e que goste de você (se possível).Se você não tem aonde tocar e a sua banda fica parada sem atividade, grave suas canções e lance discos!

Blog:http://www.transfusaonoiserecords.blogspot.com.br/

Diego Fernandes Escrito por:

Bebedor desenfreado de café, Diego é desenvolvedor front-end e professor. É o fundador do Duofox. Na literatura não vive sem os russos Tolstói, Dostoiévski e Anton Tchekhov e consegue "perder" tempo com autores da terra do Tio Sam, Raymond Chandler e Melville. Acredita que a arte de maneira geral é a única forma de manter o ser humano pelo menos acordado, longe do limbo que pode levar a humanidade à Encruzilhada das Almas.

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