A escrita oriental vem ganhando cada vez mais destaque no cenário literário mundial. Além de Yukio Mishima, Kyoichi Katayama, e outros grandes nomes da terra do sol nascente, temos o talento excepcional de Haruki Murakami.
A literatura de Murakami ultrapassa os limites do romance.
Suas obras possuem um forte caráter onírico, fantasia versus realidade e acima de tudo, boas tramas narrativas, que mantém o leitor pregado as páginas do começo ao fim. Essa frase pode soar clichê, entretanto, é a única verdade.
Essa semana tive o prazer de ler mais uma de suas obras, anteriormente havia lido O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação, excelente obra para o leitor iniciante.
Após o anoitecer, o livro da semana, me surpreendeu bastante pelo modo como o foco narrativo é utilizado pelo autor. A narração é feita através de um narrador-observador que mais parece um drone. Sim, um drone, que percorre junto conosco, leitores, as várias histórias que se entrelaçam ao longo do romance.
A trama gira ao redor de duas irmãs. Mari Asai e Eri. Mari, a mais jovem, decide por algum motivo, perambular pelas ruas de Tóquio sem rumo em busca de algum significado para a vida. Sua irmã, mais velha e claramente mais bela, enfrenta uma espécie de “coma”, pois deitou certo dia para descansar e nunca mais acordou. Além desse estranho fato que ronda o sono “eterno” de Eri, outros personagens perambulam pela noite de uma cidade que não dorme.Entre estes personagens:
- Um músico de jazz que busca sentido para sua existência no mundo.
- Um funcionário de uma empresa de tecnologia que tem o estranho desejo de bater em prostitutas
- Um sinistro e misterioso membro da máfia chinesa que corta as avenidas com sua moto potente.
As histórias de todas essas pessoas vão se cruzar. O destino de cada um dos personagens, vai sendo tecido madrugada à dentro. Como numa espécie de sonho que nunca termina, tudo o que o leitor tem a fazer é ler e procurar um sentido para a vida dos seres que povoam o universo da escrita de Murakami. Um romance simples e misterioso sobre o que a madrugada e a solidão reservam as pessoas.
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