Crônicas de um professor alucinado. Pandemônio, tik tok e outras bizarrices cotidianas

Todo dia, no intervalo de uma aula pra outra é aquele corre-corre. Quero ir ao banheiro. Posso falar com o Serginho? Está frio, está calor. A descarga de pedidos jorra logo cedo, assim que o sinal toca e começa a marcha desumana rumo à sala de aula.

Carteiras, apostilas, estudantes com preguiça descomunal e a aflição de quem está em casa, preso, atrás das câmeras, esperando o belo dia nascer para quem sabe deixar o enclausuramento e voltar às discussões calorosas em sala.

Rotina, desculpas esfarrapadas pelo trabalho não feito, sono, tudo isso prevalece. O que vale e quanto vale o estudo doméstico e autodidata? Nunca estivemos num patamar mais defasado que esse. Pandemia, pandemônio.

Ora temos esperanças, ora temos que amordaçar nossas bocas para não proferir ofensas contra quem caminha em prol de um Brasil melhor.

Melhor para poucos. E é engraçado (trágico também, claro) que a maioria está esperando a banda passar e o litro da gasolina valer mais que dois dólares. Enquanto aguardam, gravam mais uma meia dúzia de dancinhas no tik tok para ganhar mais alguns trocados.

E assim tudo segue, rápido e caro. Um vídeozinho aqui outro lá, em troca de views e amigos que nunca veremos. E além de tudo, a vida segue. Jogando ao vento as esperanças e sonhos que um dia já foram nobres e necessários, mas que hoje, não passam de uma utopia que faz o povo delirar.

Foto de topo by Skylar Kang no Pexels

 

Crônicas de um professor alucinado. O perigo do mundo lá fora

Crônicas de um professor alucinado. Home office do desespero

 

Felipe Terra Escrito por:

Professor e amante da arte literária, atua na área da educação desde 2011. Viciado na música de Bach, Mozart e Chet Baker, e na literatura de Raymond Chandler, Ross Macdonald e Paul Auster. Ama escrever e acredita que poderia ler mais, porém, precisa dormir, infelizmente. Consegue passar horas jogando pôquer ou xadrez com os amigos. Degustar pizzas de queijo e bacon é um dos passatempos prediletos em horas de fome extrema.

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