Guimbas da amargura

Mais uma tragada pra conta. A fumaça que sobe pelas sacadas dos prédios empresariais são cinzas carregadas de amargura e ansiedade. Pulmões agradecidos caminhando para o fim.

Ver as pessoas espantando o estresse, que vem junto com a pilha de papeis e orçamentos, me faz perceber o quanto a vida é ligeira. Não é de graça que vivemos, e tem gente que encarece o rolê ainda mais tragando mágoas e poluindo o ar.

A correria está tão feroz que as coisas boas passam e as más vão ficando, largadas nas esquinas e nos cinzeiros sobre a mesa do barzinho pandêmico repleto de clandestinidade.

Quando comentamos algo, uns amarram a cara, dizem isso ou aquilo, e por fim, com um argumento ruidoso acendem mais um cigarro. E só o que resta quando o sol cai no horizonte é mais uma guimba sobre a mesa vazia e solitária.

Você corre tanto que nem vê o pôr do sol

Convite para um baile clandestino

Felipe Terra Escrito por:

Professor e amante da arte literária, atua na área da educação desde 2011. Viciado na música de Bach, Mozart e Chet Baker, e na literatura de Raymond Chandler, Ross Macdonald e Paul Auster. Ama escrever e acredita que poderia ler mais, porém, precisa dormir, infelizmente. Consegue passar horas jogando pôquer ou xadrez com os amigos. Degustar pizzas de queijo e bacon é um dos passatempos prediletos em horas de fome extrema.

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