Lado B da Bossa – Quem são os artistas e qual a sua importância?

João Gilberto, Tom Jobim e Vinícius de Moraes formaram a tríade sagrada da Bossa Nova. Isso ninguém duvida, tanto é que falamos deles no episódio 40 do abutres não ouvem jazz.

O que muita gente não sabe é que os louros de fama e sucesso dessa nova musicalidade por assim dizer, mereciam ser compartilhados com outros artistas tão talentosos quanto eles.

Artistas completamente esquecidos na vala do ostracismo, mas que deram o pontapé inicial e praticamente fundaram juntos o movimento, e ajudaram a definir o estilo de tocar bossa.

Quem são esses artistas do Lado B da Bossa e suas obras seminais?

São diversos os artistas que poderíamos citar por aqui, daria um belo livro.
Mas por hora vamos destacar três grandes nomes:

Começando com Jonnhy Alf. Cidadão negro, cantor e compositor carioca!
Seu estilo de tocar e melodias foram considerados inovadores. Ganhou o título de “pai da bossa nova”.
Foi grande influência inclusive para João Gilberto em seu início de carreira.

Sua música chamada RAPAZ DE BEM, datada de 1955 é praticamente a primeira música gravada neste novo estilo.

Praticamente foi ofuscado anos mais tarde com o lançamento clássico de Chega de Saudade e a avalanche que veio a seguir oriunda dos artistas brancos da Zona Sul do Rio.

 

A artista Jocy de Oliveira

Curitibana, pioneira da música eletrônica no país no início dos 60, Jocy de Oliveira foi completamente esquecida nos tempos de ditadura, por ser mulher progressista e adepta de uma arte incomum. Atuou também na música erudita.

Em 1959 gravou um discaço, hoje uma relíquia, chamado A Música do Século XX, na contramão do sucesso comercial da bossa e suas letras românticas.

Neste disco há um “punch” visceral de poesia, letras políticas e violência.

A música de abertura, Sofia suicidou-se já mostra a temperatura alta e o incomodo angustiante que o disco causa quando ouvimos. Uma bossa nova revisitada e deformada da maneira mais punk possível.

 

A importância do catarinense Luiz Henrique Rosa

E por último e não menos importante, talvez o artista que mais teve um reconhecimento entre os grandes, estamos falando do cantor catarinense Luiz Henrique Rosa.

Por ter nascido fora do eixo da Bossa, logo sendo Lado B da Bossa, tal como Jocy, demorou a ter reconhecido seu talento como um autêntico percussor do estilo.

Mudou-se para o Rio de Janeiro no início dos 60 e ganhou de imediato a simpatia do público, nas canjas que ele dava na noite carioca ao lado de vários artistas iniciando a vida artística, entre eles o Jorge Bem Jor.

Seu disco de estreia de 1961, Garota da Rua da Praia seguido de A Bossa Moderna de Luiz Henrique de 1964 foram grandes lançamentos.

 

Seu último trabalho, em 1975 chamado Mestiço, contava no line up com o pianista Tenório Jr, lendário musico, morto clandestinamente em plena Buenos Aires pelo exército local, quando fazia uma turnê na cidade ao lado de Vinícius de Moraes e Toquinho.

Ouçam e compartilhem esses artistas!!

É nosso compromisso cultural divulga-los !!! Seus nomes estão cravados na vanguarda da Bossa Nova e devem sempre ser reverenciados pelas suas obras maravilhosas.

Tito Cepoline Escrito por:

Entrou para compor o timaço do podcast ABUTRES NÃO OUVEM JAZZ, formando o power trio mais improvável e pra lá de especial. Apaixonado por viagens e artes no geral, em especial a música, tem ouvido aberto para vários estilos, alguns bem peculiares e passeia na linha que vai do jazz ao hardcore. Viagens e Música não são meros itens na prateleira!! Seguindo essa máxima, segue na luta diária de promover, divulgar, incentivar cultura, arte independente, lugares pitorescos, praias belíssimas que tanto são necessários para nossa sobrevivência!!

seja o primeiro a comentar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *