O Fascínio, a prosa visceral e ágil de Tabajara Ruas

Ler autores nacionais está se tornando um hábito para mim. Meus companheiros de Duofox que o digam, pois sempre me vem atolado em autores norte-americanos ou japoneses.

Essa semana reli um livro que tive a oportunidade de ter nas mãos quando tinha uns 14 anos. Na época, O Fascínio, do gaúcho Tabajara Ruas, me assombrou pela brutalidade de seu texto. Hoje, ainda mais.

Apesar de não ser um leitor maduro na época, a escrita desse autor me marcou bastante. O texto rápido, sem embromação e de uma energia poderosa me fez ler toda a história em dois dias (Isso por falta de vergonha na cara, pois o livro é curto e daria pra ler num domingo na beira da piscina ou estirado na rede).

 

No livro acompanhamos a vida de um homem de negócios chamado Bertholino. Sua vida de reuniões, envolvimentos políticos e preocupações financeiras começa a desmoronar quando ele descobre que herdou uma antiga estância da família nos pampas gaúchos.

Pode soar contraditório, mas mesmo estando em dificuldades financeiras, essa herança vem carregada de algo que vai mudar todo o curso da vida de Lino e de sua família.

Curioso para saber mais sobre a herança, Lino parte com seu filho Bento para a estância. Chegando lá, percebe que algo misterioso envolve a mansão. Um velho caseiro e sua neta são duas figuras tão enigmáticas ao longo do romance que fica difícil não achar que escondem algum pavoroso segredo.

 

As coisas parecem correr bem. Lino começa a investigar mais sobre a antiga fazenda e o passado de seus antepassados.

Suas investigações começam a dar resultado. Entretanto, com o ritmo ágil da prosa, o leitor se vê tão perdido quanto o personagem, que, noite após noite, através da janela de seu quarto, começa a ver uma figura encapuzada e que parece fitá-lo com os olhos da morte.

O que se segue é um banho de sangue, violência e culpa. A narrativa ainda conta com descrições maravilhosas das paisagens gaúchas e de toda a região sul do Brasil.

Impossível ler O Fascínio e não se lembrar de livros como Luna Caliente: três noites de paixão, do argentino Mempo Giardinelli e O estrangeiro de Camus. Um livro repleto de ação, suspense e elementos sobrenaturais. Excelente pra quem aprecia a literatura brasileira de autores como Rubem Fonseca, Dalton Trevisan e por que não Toni Bellotto, que, aliás, será o próximo livro na minha lista dos brazucas. Aguardem…

Felipe Terra Escrito por:

Professor e amante da arte literária, atua na área da educação desde 2011. Viciado na música de Bach, Mozart e Chet Baker, e na literatura de Raymond Chandler, Ross Macdonald e Paul Auster. Ama escrever e acredita que poderia ler mais, porém, precisa dormir, infelizmente. Consegue passar horas jogando pôquer ou xadrez com os amigos. Degustar pizzas de queijo e bacon é um dos passatempos prediletos em horas de fome extrema.

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